Em artigo no blog O Leitor, da Veja, Maicon Tenfen lembra que as fake news são tão velhas quanto a imprensa. E até mesmo o célebre poeta e jornalista Olavo Bilac (1865-1918) se notabilizou também por embarcar nelas. Tenfen resgata episódio relatado no livro Bilac, O Jornalista, de Antonio Dimas, “um exaustivo trabalho de garimpagem literária graças ao qual temos acesso a praticamente a toda produção jornalística de Olavo Bilac”.
A pataquada em questão consta de uma crônica de Bilac publicada em dezembro de 1896 resgatada no livro de Dimas, onde o “príncipe dos poetas parnasianos” lança uma cáustica e injusta crítica aos “fanáticos de Antônio Conselheiro”, que em meio à barbárie que mais tarde se revelou ser a Guerra de Canudos eram então retratados como míseros sertanejos amotinados no sertão da Bahia sob o comando de um verdadeiro lunático.
Ao abordar erroneamente o conflito como um antro de prostituição e bebedeira, Bilac, conforme o professor e crítico Alfredo Bosi, “fez coro com os jornalistas mal informados e ideologizados da época; e, nesse particular, não foi mais perspicaz do que a maioria dos intelectuais seus contemporâneos, que viam nos jagunços de Canudos um (…) perigo para a jovem República e a civilização ocidental”.
Bilac, o Jornalista, de Antonio Dimas, ganhou o Prêmio Jabuti 2007 na categoria Teoria e Crítica Literária e foi lançado, em três volumes, pela Edusp (www.edusp.com.br).