É café pequeno. É ponto de encontro. É lugar de falar do que eu vi, li e ouvi por aí, de dicas, de prosa (e de poesia). A pauta, é claro, livros e literatura.
SEGUNDA-FEIRA / O que é mais triste que um trem? / Que parte quando deve partir, / Que tem somente uma voz, / Que tem somente um caminho. / Nada é mais triste que um trem. / Ou talvez um burro de carga. / Está preso entre duas barras / E não pode olhar para o lado. / Sua vida é só caminhar. / E um homem? Não é triste um homem? / Se vive há muito em solidão, / Se acha que o tempo terminou, / Um homem também é coisa triste.
Trecho “Mil Sóis”, coletânea bilíngue de poemas lançada no Brasil pela Todavia para marcar o centenário de nascimento do químico e escritor italiano Primo Levi (1919-1987), comemorado hoje, dia 31. Levi foi prisioneiro de um campo de concentração em Auschwitz-Birkenau, experiência abordada em “É Isto um Homem?”, considerado hoje um clássico na história do Holocausto. É autor também de “A Trégua”, onde relata sua volta à Itália, em 1945.
Abaixo dez títulos essenciais para sua estante, conforme seleção da equipe do Aliás, do Estadão.
-“A Águia e o Leão”, Victor Hugo – Expressão Popular
Reúne
escritos políticos do escritor Victor Hugo (1802-1885), como uma crítica à pena
de morte, a defesa das liberdades democráticas e até um poema em homenagem aos
mártires da Comuna de Paris.
-“O que é arte?”, Leon Tolstoi – Nova Fronteira
Publicado
em 1898, é “um livro raivoso contra a arte de seu tempo”, onde não faltam
críticas para pintores como Kandinski, poetas como Baudelaire e Verlaine, e
ainda Ibsen e Beethoven.
-“O Desaparecimento de Josef Mengele”, Olivier Guez – Intrínseca
Vencedor do
Renaudot de 2017, narra a trajetória do médico da SS, acolhido na Argentina
durante o governo Perón e depois vivendo incógnito no Brasil durante o regime
militar. “Um romance incômodo, de fôlego”.
-“eCultura: A Utopia Final”, Teixeira Coelho – Iluminuras
Investiga a
cultura computacional e seus primórdios, sugerindo que os antigos construtores
de pássaros mecânicos talvez tenham imaginado os primeiros drones da história.
-“Euclides da Cunha: Esboço Biográfico”, Roberto Ventura -Companhia das Letras
Edição
ampliada de obra que aborda a impossibilidade de descrever a barbárie da guerra,
ajudando o leitor a entender o conflito de Euclides como jornalista a serviço
de um relato objetivo e, ao mesmo tempo, sensibilizado com a tragédia dos
miseráveis.
-“Mil Sóis”, Primo Levi – Todavia
Reunião de
poemas que mostra lado menos conhecido da obra do autor, entre outros, do livro
“É Isto um Homem?”, considerado um
dos principais testemunhos do Holocausto.
-“Serotonina”, Michel Houellebecq – Alfaguara
Narra a história de Florent-Claude Labrouste,
homem em plena crise de meia-idade que sobrevive à base de antidepressivos e vê
sua vida se despedaçar diante de si.
-“História da Solidão e dos Solitários”, Georges Minois – Unesp
Mostra como
o isolamento proporcionado pelas novas tecnologias de comunicação é um fenômeno
que pode ter suas raízes traçadas desde a antiguidade, desafiando a ideia tão
estabelecida do ser humano como um “animal social”.
-“Contos Brutos”, org. de Anita Deak – Reformatório
Por meio de
33 contos, 30 deles inéditos, autores relevantes da literatura brasileira
contemporânea mostram, em diferentes aspectos da vida, como se dá o
autoritarismo desde as mais altas esferas do poder público até os mais íntimos
círculos das relações humanas.
-“A Doença e o Tempo”, Eduardo Jardim – Bazar do Tempo
Percorre a história do vírus HIV, desde seu surgimento no território que hoje é o Congo, até os dias de hoje, mostrando seus desdobramentos na ciência, na medicina e, principalmente na cultura.
A escritora canadense Margaret Atwood e o
anglo-indiano Salman Rushdie estão, de novo, no páreo do Man Booker Prize,
principal prêmio literário do Reino Unido e um dos mais reconhecidos do mundo. Além
dos dois escritores já premiados em anos anteriores (Atwood em 2000, por “The Blind Assassin” e Rushdie em 1981,
por “Midnight’s Children”), a
distinção já foi recebida também por nomes como Kazuo Ishiguro, Ian McEwan e J.
M. Coetzee.
A lista dos semifinalistas foi anunciada na
quarta-feira. São 13 títulos, oito deles escritos por mulheres. Atwood concorre
com “The Testaments”, previsto para
lançamento em setembro, e Rushdie com “Quichotte”.
Os seis finalistas serão conhecidos em 3 de setembro e o vencedor em 14 de outubro. Abaixo os 13 semifinalistas, conforme lista publicada no site do jornal Folha de SP.
“The
Testaments”, Margaret Atwood
“Night
Boat to Tangier”, Kevin Barry
“My
Sister, The Serial Killer”, Oyinkan
Braithwaite
“Ducks,
Newburyport”, Lucy Ellmann
“Girl,
Woman, Other”, Bernardine Evaristo
“The
Wall”, John Lanchester
“The
Man Who Saw Everything”, Deborah Levy
“Arquivo
das Crianças Perdidas”, Valeria Luiselli
“An
Orchestra of Minorities”, Chigozie Obioma
“Lanny”, Max Porter
“Quichotte”, Salman Rushdie
“10
Minutes 38 Seconds in This Strange World”,
Elif Shafak
Abaixo lista divulgada pelo portal Uol, com “10 clássicos da literatura latino-americana” produzidos fora do Brasil.
–“Cem Anos de Solidão”, Gabriel Garcia Márquez
Narra a incrível e triste história da família
Buendía e apresenta o maravilhoso universo da fictícia Macondo, onde se passa o
romance. É lá que acompanhamos diversas gerações dessa família, assim como a ascensão
e a queda do vilarejo.
–“O Jogo da Amarelinha”, Julio Cortázar
Retrata um clima de rupturas e incertezas, em um
antirromance em que elementos da nova cultura de massas e técnicas literárias
experimentais de vanguarda convivem em perfeita harmonia. O resultado é um
livro único, aberto a múltiplas leituras, repleto de humor, de riscos e de uma
originalidade sem precedentes.
-“O Aleph”, Jorge Luis Borges
Reunião de 17 contos do escritor argentino. Na
história que dá título ao livro, há um ponto no sótão de uma casa argentina de
onde é possível ver todo o Universo, seu passado e futuro.
–“A Cidade e os Cachorros”, Mario Vargas Llosa
O livro narra a rotina de jovens que vivem no
Colégio Militar Leoncio Prado, em Lima, onde um violento código de conduta
permeava o cotidiano dos cadetes.
–“Correio do Tempo”, Mario Benedetti
Reúne relatos breves que mesclam ironia, delicadeza
e profundidade. Os contos neste livro tratam dos mais diversos tipos de
encontros e despedidas.
–“Confesso que Vivi”, Pablo Neruda
Em sua obra autobiográfica, o poeta chileno narra
desde as memórias de sua longínqua infância até o duro golpe que derrubou
Salvador Allende do governo.
–“A Vida Breve”, Juan Carlos Onetti
História de Juan María Brausen, obcecado pela retirada do seio de sua mulher e pelos gritos da sua vizinha prostituta. No decorrer desse relato inquietante há uma fusão de fato e fantasia.
–“Os Detetives Selvagens”, Roberto Bolaño
Arturo Belano e Ulises Lima, dois poetas marginais, estão em uma investigação típica de romance policial e também estão numa busca atrás dos rastros de uma misteriosa poeta vanguardista que desapareceu no deserto de Sonora, no norte do México.
–“O Livro dos Abraços”, Eduardo Galeano
Um livro bem curtinho, com histórias grandiosas. São histórias que vão de cinco linhas a duas páginas, repletas de encantamentos. Com reflexões, relatos e memórias, Galeano destrincha a cultura, mitos e lendas de povos da América do Sul.
–“O Arco e a Lira”, Octavio Paz
Um livro para a compreensão da experiência poética e da poesia de todas as épocas e matizes, o livro é também um relato a um só tempo das possibilidades da linguagem e da imaginação.