
DIREITO DE PASSAGEM
Ao caminhar sem pensar
em nada deste mundo
a não ser no direito de passagem
desfruto a estrada
virtude da lei –
vi
um homem de idade que
sorriu e desviou o olhar
para o norte, para lá de uma casa –
uma mulher de azul
ria-se e
inclinava-se para diante para ver
o rosto meio voltado
do homem
e um menino de oito anos que
olhava para o meio
da barriga do homem
para uma corrente de relógio –
A suprema importância
de tão anônimo espectáculo
fez-me passar por eles depressa
sem dizer palavra –
Que importa para onde ia?
e lá fui rodando nas
quatro rodas do meu carro
pela estrada molhada até que
vi uma rapariga com uma perna
sobre o parapeito de um balcão
THE RIGHT OF WAY
In passing with my mind
on nothing in the world
but the right of way
I enjoy on the road by
virtue of the law –
I saw
an elderly man who
smiled an looked away
to the north pas a house –
a woman in blue
Who was laughing and
learning forward to look up
into the man’s half
averted face
and a boy of eight who was
looking at the middle of
the man’s belly
at a watchchain –
The supreme importance
of this nameless spectacle
sped me by them
without a word –
Why bother where I went?
for I went spinning on the
four wheels of my car
along the wet road until
I saw a girl with one leg
over the rail of a balcony
Poema de William Carlos Williams, do livro “Antologia Breve”, da editora Assírio e Alvim.